O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) associado ao abuso sexual, causam efeitos e impactos devastadores aos processos de maturação, organização cerebral e sobre os sistemas neurobiológicos em resposta ao estresse repercutindo sobre o desenvolvimento cerebral da criança e do adolescente, comprometendo-os até a vida adulta.
O que é o TEPT?
Não se trata mais de um transtorno derivado do pós-guerra, conforme apontam os primeiros registros. Trata-se do surgimento de sintomas ansiosos, fóbicos ou de medos, depressivos, entre outros, recorrentes ou esporádicos, associados à vivência de um dado trauma vivenciado direta ou indiretamente no passado.
Com o avanço das pesquisas foi possível observar os variados contextos relacionados a este transtorno, entre eles, o abuso sexual contra crianças e adolescentes. Este tema ganha proporções dada a concepção e devida atenção aos aspectos de infância e desenvolvimento humano.
E o abuso sexual?
Alguns autores apresentam o abuso sexual infantil, relacionado a severas consequências para o desenvolvimento psicossocial incluindo prejuízos cognitivos, emocionais, comportamentais e sociais, podendo comprometer toda uma vida.
O abuso sexual é caracterizado em sua constituição de maus-tratos contra a criança e adolescente, de forma física, psicológica, ou de mero exibicionismo com exposição de material pornográfico à criança ou utilização da criança na elaboração de material para exploração pornográfica.
Os dados são alarmantes e nos indicam a necessidade de maiores cuidados com nossas crianças!
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca o abuso sexual infantil como um dos maiores problemas de saúde pública. Estima-se, a partir das pesquisas realizadas, que 36% de meninas e 29% de meninos já sofreram abusos sexuais, onde também apontam que os dados acerca do abuso sexual no Brasil não são abrangentes, pois representam locais isolados e amostras parciais. Entretanto, estima-se aproximadamente 50 mil casos de violência sexual infantil com maior índice na região Nordeste. Isso ainda não representa uma totalidade, uma vez que cerca de 10% a 15% apenas dos vitimados registram os abusos em delegacias, conselhos tutelares, hospitais e outros órgãos pertinentes dado ao fato de omissão, vergonha e medo diante dos casos que predominantemente ocorreram no meio intrafamiliar.
Inúmeros tipos de violência, entre eles o abuso sexual contra a criança e adolescente, infelizmente, são repetidamente anunciadas nos jornais e noticiários, vivenciadas direta ou indiretamente por muitas pessoas e assim se tornam potenciais eventos estressores, expondo os cidadãos cada vez mais ao risco de transtornos. O Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT) e suas consequências é apontado como um dos mais associado ao abuso sexual infantil.
Ao que precisamos ficar atentos, acerca do abuso sexual?
Os fatores mais brutais da prática do abuso sexual contra a criança e adolescente, é que a maioria ocorre no meio intrafamiliar das vítimas e no que tange aos perfis, demonstra-se um predomínio do gênero masculino no perfil do abusador e do feminino no perfil da vítima, sendo a eminência maior sobre as meninas na faixa etária entre 7 a 12 anos e nos meninos na faixa de 4 a 6 anos. As transformações do corpo nas meninas e a vulnerabilidade em resistência dos meninos são apontadas como razão para maior incidência nessas faixas etárias.
Toda pessoa que passar por um episódio de abuso sexual, desenvolverá o TEPT?
O desenvolvimento do TEPT nem sempre será desencadeado em vítimas de abuso sexual na infância, devido ao fator resiliência, embora este seja o transtorno mais associado ao abuso, e seu quadro sintomatológico poderá ser apresentado por longo período da vida, se não avaliado e tratado devidamente.
Os danos ocasionados vão além do aspecto psicológico?
São as falhas do Sistema Nervoso Central na interpretação, síntese e integração dos eventos traumáticos emocionalmente carregados de angústia e sofrimento que corroboram para que estímulos cotidianos sejam recebidos como potenciais estressores. Além de explicar as respostas exageradas de sobressalto, os ataques de ira e sintomas de amnésia frente aos estímulos estressores. A principal alteração estrutural do cérebro é a redução do volume hipocampal, seguido da hiperfunção da amígdala, corpo caloso, hipotálamo e córtex frontal.
Em síntese compreende-se que frente às alterações estruturais e de funcionalidade, relacionados ao TEPT são apresentados os prejuízos cognitivos na memória de curto prazo, na memória declarativa, na atenção sustentada, atenção seletiva, aprendizagem verbal, construção visual, funções executivas, processamento emocional e aumento dos sintomas de dissociação. Porém, estes não podem ser generalizados, dada a falta de controle das variáveis frente aos resultados na falta de amostras específicas nos estudos acerca do TEPT.
Como é o tratamento?
A partir da premissa de que o TEPT é um transtorno em potencial, consequente das práticas de abuso sexual contra a criança e adolescente, que infelizmente são mais corriqueiras do que se presume, e em amplas as fases de desencadeamento pós trauma, se faz necessário o acompanhamento médico, seja psiquiátrico ou neurológico, respaldo e apoio familiar, assistência social e o devido acompanhamento psicológico.
No que tange ao acompanhamento psicológico, o objetivo principal está associado à busca da resiliência e retomada da vida, tanto para o pós-trauma recente, no caso da criança e do adolescente, como para o pós-trauma tardio, quando a sintomatologia aparece e evolui na vida adulta, a partir da abordagem do trauma, por meio de técnicas e intervenções que sejam capazes de propiciar a partir da evocação adequada das memórias e consequentemente o manejo adequado das respostas frente aos agentes estressores e assim alcançar o controle nas vivências cotidianas.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é então a psicoterapia mais indicada ao tratamento do TEPT, frente as amplas possibilidades de técnicas e programas de tratamentos empiricamente comprovados.
Para maiores informações e/ou necessidades frente a esta ou outras patologias, entre em contato com um Psicólogo Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.
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