Alguma vez você esteve em um relacionamento que se sentia o tempo inteiro “pisando em ovos”? Que tinha que tomar cuidado com o que falava, se comportava ou vestia com medo de receber críticas do seu parceiro?
O abuso nem sempre é óbvio. Muitas mulheres permanecem no relacionamento abusivo por não enxergarem que estão em um relacionamento assim ou pior, por acharem que são culpadas do próprio abuso que sofrem.
Mas o que é um relacionamento abusivo?
O abuso pode ser entendido como o uso incorreto e excessivo de poderes. Com isso, mesmo que não haja agressão física, o abuso pode ter forma de violência psicológica, sexual e/ou financeira.
Existem várias formas de abusos, a mais comum é a agressão física, e ela é mais comum do que imaginamos, 80% das mulheres brasileiras já sofreu algum tipo de abuso físico. Mas existe também a agressão verbal, moral e psicológica – calunia, difamação, menosprezo, críticas o tempo todo, afastamento da família e amigos, etc…
E ele nem sempre é de um relacionamento amoroso, pode acontecer no trabalho, entre amigos ou dentro da própria família.
Como identificar?
Em relacionamentos abusivos, é comum experimentar sensações como inferioridade, dependência, baixa autoestima, isolamento, tristeza, vergonha, medo e anulação.
Se ele fiscaliza as suas amizades, manda você tirar o batom, controla suas roupas ou sua aparência, questiona por que você está online no aplicativo do celular, obriga a excluir alguém de sua rede social ou pede todas as senhas como prova de amor. Você conhece estas atitudes? Elas são sinais de um relacionamento abusivo.
Nas relações afetivas, o agressor, em alguns momentos do cotidiano do casal, trata a vítima com total desrespeito, cinismo, rebaixando-a com afirmações que denigrem seu jeito de ser. Posteriormente, depois de despejada sua ira, tem atitudes opostas pedindo perdão ou com gestos do tipo “eu te amo, vem aqui e me dá um abraço”, sempre acompanhadas de promessas de mudança de comportamento, deixando a vítima muito confusa e cada vez mais enfraquecida porque tem sua autoestima diminuída, o que a dificulta, inclusive, identificar o quadro.
Fases do relacionamento abusivo
Fase 1: Nesta fase estão presentes as ofensas verbais, xingamentos, humilhações, gritos, crises de ciúme. Nesta fase está presente a violência psicológica, manipulação e controle, por isso ainda é difícil identificar o abuso, porque a vítima começa a ter seu psicológico abalado.
Fase 2: A violência psicológica evolui para as agressões físicas, beliscões, empurrões, tapas, socos, chutes, pontapés, etc., além do que a vítima já sabe que está em um relacionamento abusivo, porque as marcas ficam visíveis: olho roxo, marcas pelo corpo, cortes e ossos quebrados. Normalmente esse é o momento em que as mulheres decidem sair da relação, pedem separação e fazem a denúncia na delegacia.
Fase 3: O abusador sente que está perdendo controle sobre a vítima e entra na última instância do abuso, que é a famosa fase lua de mel. Ele se arrepende, diz que isso não vai mais acontecer, usa de uma manipulação para que a vítima acredite que seu comportamento foi resultado de muito amor e que apenas perdeu a cabeça, tentando manter o controle para que a vítima permaneça como vítima na relação. Infelizmente nesta fase muitas mulheres acreditam que o abusador irá mudar e perdoam, voltando para fase inicial dos abusos.
As fases do relacionamento abusivo podem acontecer nesta ordem ou não, e se repetem toda vez que vitima perdoar o agressor acreditando na sua mudança. A cada situação de abuso a vítima se torna mais fragilizada e mais desacreditada de si mesma. O apoio de familiares, amigos e outras mulheres para quebrar esse ciclo tóxico é de extrema importância.
Como isso afeta no psicológico da vítima?
Além da repressão que essa mulher sofre por esse abusador, essa é afastada de sua família e de seu meio social, fora a auto estima que fica abalada o que faz com que essa mulher se sinta culpada pelo que acontece com ela e por isso se cala ou invés de procurar ajuda.
Há também outros comportamentos, mais sutis, quando o agressor faz a vítima sentir-se que é incapaz de fazer algo, tornando-a mais dependente, quando a faz sentir-se mal por algo que ela não tem controle, ou, ainda, quando atrapalha suas realizações.
Aos poucos, estes abusos vão se intensificando deixando a vítima tão fragilizada a ponto de considerar que aquela violência psicológica, e muitas vezes física, a que está submetida, é apenas uma forma de cuidado, de carinho e não de desrespeito por parte daquele que ela considera o amor da sua vida. Uma armadilha que a mantém presa ao relacionamento.
Muitas vezes, a vítima perde a noção da realidade, se achando culpada pela situação. Com isso, ela pode não se perceber nessa situação. Por esta razão, você deve estar atento aos sinais que mostram se você se encontra em um relacionamento abusivo.
Quando a vítima tenta reagir, já no limite da sua angústia, faz de forma desesperada, o que reforça a ideia de que é desequilibrada, sentindo-se ainda mais culpada. E quando procura ajuda, na maioria das vezes, acaba voltando atrás preferindo viver nesta “loucura a dois” porque é a única forma que ela conhece. São relacionamentos cheios de altos e baixos, com muitas brigas e confusões, alternados com poucos momentos de paz.
Como procurar ajuda?
O primeiro passo para acabar com um relacionando abusivo, é que a vítima perceba realmente o quão tóxico ele é para ela, já que o seu senso de realidade é alterado pela relação e suas emoções ficam confusas. Quando você olha para o seu próprio relacionamento e percebe que ele não é mais um relacionamento saudável, esse é o momento em que deve procurar ajuda. Acabar com a culpa que a pessoa sente é essencial para que ela se liberte desta ligação nociva.
Depois disso, é importante que ela crie uma rede de apoio com amigos ou familiares.
E caso haja agressões e ameaças, realizar a denúncia, que pode ser feita pelo 180.
Invista em você
Se você já vivenciou uma relação doentia, mas ainda tem dificuldade de lidar com as consequências causadas por ela, saiba que é possível superar essas adversidades.
Procure um terapeuta, para te ajudar a desenvolver a autoconfiança, a autoestima, trabalhar esse medo e a sua independência.
O amor próprio é fundamental para que uma pessoa não se permita viver relações abusivas. É preciso entender que amar a si mesmo não é sinal de egoísmo, como propagam por aí, e sim de considerar que não é merecedor de qualquer coisa que o outro ofereça.
Buscar terapia é um passo essencial nessa situação e ajuda a vítima a entender porque alguém se envolve em relacionamentos tóxicos, principalmente se isso for um padrão. Assim, ela consegue ter mais controle e poder de escolha sobre os seus relacionamentos futuros, além de conseguir identificar melhor os abusos e lidar com os traumas que eles deixam. Se a pessoa ainda não conseguiu romper com o seu abusador, a terapia serve, também, de apoio durante todo o processo.
Se durante a vida toda você entrou e saiu de relacionamentos ruins, dolorosos e conflituosos, busque ajuda, mesmo que atualmente não esteja em um para evitar repetir esse padrão de relacionamentos instalado em sua mente.
E se você ficou interessada? Entre em contato comigo.
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